segunda-feira, abril 27, 2009

Envelhecer

Já é chavão de que começamos a envelhecer assim que nascemos, o que não deixa de ser verdade. Os 33 anos poderia dizer que sou um homem de meia idade, mas pelo histórico familiar acho mais coerente fazer isso por volta dos 45, já que a expectativa de vida dos meus velhos bate a casa dos noventa.

Conviver com pessoas que tem o dobro ou o triplo de sua idade não é algo "tranquilo e sereno"; por mais que alguns deles acompanhem a evolução do mundo, como seres humanos têm suas idiossincrasias, suas neuras e algo que se reforça com o passar dos anos: a teimosia.

Lavar quintal à noite, tirar cortinas, subir no telhado pra resolver uma goteira, carregar sobras de material de construção, tudo isso que é prosaico na minha idade, para eles é um risco em potencial. O grande problema é que ainda são hiperativos, mais na cabeça do que no corpo, que acaba padecendo mais.

Outro lugar-comum, de que o velho volta a ser criança. Verdade. Toda criança ao descobrir o mundo começa a testar limites, saber a reação dos pais, o que pode e o que não pode, e quais as consequências de transigir. Com a idade as pessoas voltam a ter essa atitude, e ao serem pilhadas têm a mesma reação de uma criança: rir da reinação.

Imagine uma senhora de 90 anos modificando a decoração da casa, arrastando daqui pra ali móveis, sofás, uma mesinha de canto, etc. Às vezes até mente, dizendo que foi ajudada por sicrano ou beltrano, mas quando confessa é num misto de orgulho e sarcasmo: "Imagina, fui arrastando devagarinho..."

O célebre tio Adelino, ao ser chamado de velho, invariavelmente respondia: "Calma que tu pra lá vais", e isso hoje é bordão familiar. Quem não quer envelhecer, que morra jovem.

Por mais que se diga o contrário, hoje vejo que a velhice é triste. Ver o corpo decair, não poder fazer coisas prosaicas como calçar o sapato ou trocar uma lâmpada são frustrantes. Triste, sim, e só quem convive é que sabe.

Mas em toda essa história existe um lado belo, e cada vez mais raro: o saber envelhecer. Poder se reconhecer mesmo com todo o trabalho implacável do tempo. Aceitar cada ruga, cada fio branco, não como uma sentença de morte e sim como um pouco mais de experiência, de conhecimento, de vida, enfim.

Claro que esse palavrório todo foi aperitivo para as imagens a seguir, de pessoas que tem problema em aceitar que os anos passam:


Leila Lopes, atriz: ao surgir na TV e anos depois, ao virar estrela pornô.



Mickey Rourke e Kim Bassinger: sem comentários.


Tia Cyla, a0s 18 e aos 92 anos, apenas com intervenção do tempo.

Boa semana!