... e ainda me mordem a língua. Sempre usei esse provérbio em casos de problemas familiares, numa exagerada expressão de egoísmo e falta de confiança no próximo, notadamente aqueles de mesmas características genéticas. Mas na verdade os dentes muitas vezes se assemelham aos parentes problemáticos e nos dão cada dor de cabeça... Eu que o diga!
Vejam só o que aconteceu comigo na semana que passou. Todos os nomes dos envolvidos serão trocados, para evitar constrangimentos.
Já há alguns dias que marquei consulta de rotina com meu dentista, Dr. Sizenando, que fez o seu trabalho – escove bem os dentes, diminua o café, use fio dental, patati, patatá -, além da limpeza de tártaro e clareamento. Até aí nada de excepcional. Acontece que ele notou meus dentes irregulares (como se isso fosse grande mérito) e recomendou-me procurar um ortodontista, indicando inclusive uma profissional ali mesmo, sua vizinha.
Marquei então consulta com a Dra. Reduzinda, que rapidamente examinou-me e pediu que eu fizesse uma série de exames, numa clínica ali perto. Muito bem.
No dia seguinte liguei na tal clínica e fui atendido pela Pulquéria (nome fictício, como já disse), mas nem imaginava que ali começava uma série de acontecimentos que me envolveriam num turbilhão de intensas emoções... Expliquei o que queria, porém creio que ela ficou encantada com minha voz de rouxinol cantando numa tarde de outono. Por quê? Ora, ela começou a fazer uma série de perguntas sobre mim: nome completo, idade, onde morava, até mesmo meu telefone celular ela pediu. Minha célebre perspicácia já me esclareceu tudo: essa está no papo.
Aqui abro um parêntese necessário: não tirem conclusões precipitadas, tomando-me por um Casanova do século XXI, que sai alardeando suas proezas de alcova, por favor não. Também não tenho culpa se nasci assim, charmoso e irresistível ao desejo do sexo frágil. Apenas estou relatando o acontecido para ilustrar o que é a alma feminina. Tenham paciência, sigam a leitura. Fecho parêntese
No dia aprazado fui ao consultório, mas cheguei um pouco antes do horário marcado, apenas para sentir a reação de Pulquéria. Foi como eu esperava: ela ficou notadamente abalada:
- Mas você está uma hora adiantado!
Sorri meu melhor sorriso, pisquei o olho direito e respondi que não tivesse pressa, eu tinha todo o tempo do mundo, hehehe. Ela dirigiu-se para uma sala, fechando a porta detrás de si, enquanto pacientemente eu aguardava na recepção.
Passados alguns minutos retornou e, sem me encarar, o que tomei como timidez e recato, pediu que eu preenchesse uma ficha. Vi que ela já tinha anotado ali todas as informações pedidas por telefone. Faltavam apenas alguns campos: endereço, estado civil e, pasme, SEXO(!). Isso mesmo, sexo. Danadinha...
Agora convencido de maneira inquestionável de que todas que minhas suposições estavam certas, rapidamente preenchi as informações solicitadas e aguardei ansiosamente o desenrolar das coisas.
Em seguida ela me chamou para uma sala mais reservada, onde havia um grande equipamento de raio X ou coisa que o valha. Fiz ali os exames necessários, ao cabo dos quais ela pediu que eu ficasse junto a uma parede, pois iria tirar algumas fotografias. Vejam só, ela estava caidinha mesmo, até foto minha já queria! Pediu que eu sorrisse, mas isso nem era necessário: com um ar sexy posei para aquela mulher que tão claramente me desejava. Foi nesse momento que decidi acabar com aquele jogo de gato e rato, e me aproximei dela. Seus olhos assustados tentavam disfarçar o desejo que a consumia desde o instante em que me viu; tentou se afastar mas eu romanticamente sussurrei ao seu ouvido um galanteio capaz de derreter as calotas polares:
- Acho que nossos dentes querem se conhecer melhor...
Aí que o caldo entornou: no lugar de oferecer-me seus lábios de mel como a Iracema do Alencar, o que ela me deu foi uma joelhada em local extremamente sensível, para em seguida tomar uma vassoura e me enxotar do consultório, me insultando de maneira insana. Nem quero pensar no que ela fez ao ler o que escrevi na ficha no campo SEXO...
5 comentários:
Nossa, péssima cantada! A moça ainda que foi boazinha de só dar uma joelhada e enxotar com a vassoura... eu teria queimado o rapaz com o raio X!
rsrsrsrsrs
Vc anda mutio romântico meu amigo!
Mas concordo com a Kandy, a cantada naõ foi das melhores...
Esses mal entendidos as vezes acontecem. Por isso que eu gosto daquela comunidade do orkut: "Eu não estou te dando bola, eu apenas sou legal!"
BJS e melhor sorte
Risada
Boa história!
E eu à espera de um relato sério.
Afinal contavas uma anedota e muito bem contada, como sempre.
Já repus de novo as fotos. A ver se agora se fixam porque estão sempre a cair.. as malandras!
Um beijinho grande
Aháháháháhá.... Tens um blog, rapaz, e eu sou tãããão distraída! Vou linkar você lá em casa, você escreve muito bem e é muito engraçaaaaaado....!!!!!
Vim aqui conhecer a sua "casa" peguei o endereço com a Leticia.
Adorei o seu relato, ótimo.
Quando você vai voltar lá para buscar o resultado dos exames? kkkkkkkkkk
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