terça-feira, dezembro 11, 2007

A página 161

Foi assim que recebi da Dione:

"E eis que uma maldição veio ressucitar meu falecido blog: a maldição da página 161.
E eu, que gosto tanto do que é a esmo, resolvi encarar a brincadeira, que consiste no seguinte:

1 - procurar um livro próximo;
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5 - não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6 - repassar a outros cinco blogs.

Recebi do Salvaterra , que recebeu da Carol Marossi , que recebeu da Julia , que recebeu de não-sei-quem.

Repasso para Kandy e Ricardo , que são dois dos poucos blogs que eu visito com certa frequência, eu que não sou tanto desse mundo aqui."

Bem, eu aceitei o convite, mas havia uma pequena dificuldade: qual livro próximo?

Fora os que estou restaurando, tenho ao meu lado uma pilha que usei para pesquisar imagens pro São Paulo Antigo e mais outro tanto sobre revisão que a Lets me emprestou.

Na dúvida, o bom e velho Lobato; na página 161 de Cidades Mortas:

"E com eles, poetas, pensadores, generais, a indústria, o comércio, a imprensa, todos, todos e tudo - fora as mães - zelam, como vestais, para que não se extinga o fogo sagrado do Ódio."

Ele fazia um retrospecto do papel da guerra desde o princípio dos tempos, falando sobre a humanidade que vivia a guerrear e criava deuses vingativos e sanguinários, que perseguiam e exigiam sacrifícios em sua honra. A Primeira Guerra Mundial era a mais recente carnificina perpetrada pelo Homo sapiens...

O melhor é que essa frase faz parte de um conto magistral, chamado "O espião alemão", em que um estrangeiro é preso na pequenina Itaoca durante a Guerra. Claro, um estrangeiro só poderia ser espião, e sendo espião, só poderia ser alemão. Prendem o bruto, mas como falar com o facínora? O conselho das autoridades decide chamar o Monsenhor Acácio, o sábio local que falava mais de quatorze línguas, vivas e mortas, inclusive o alemão, para que faça um interrogatório com o inimigo germânico.

Depois de uma breve palestra, o iluminado vigário surge cabisbaixo:

- O alemão desse homem (...) é o alemão turíngio da baixa germanidade valona da Silesia hanoveriana. Ininteligível, portanto, a quem, como eu, só conhece o alemão gramatical da alta germanidade dos Goethes, dos Lessings, dos Bergsons, dos Schneider-Canets.


E "traduziu" o que o prisioneiro disse:

- Ai éme inglix quer dizer, se não me falham as analogias glotológicas, "estou com fome". E é natural. Já bateu meio-dia.

E por aí vai a coisa...


2 comentários:

Kandy disse...

A Dione foi um amor em nos convidar, né? Eu já havia postado o texto, a convite do Doda... e não me surpreendi em ver que você escolheu a página 161 de... ML!

Anônimo disse...

Nossa!:)