terça-feira, agosto 12, 2008

Nota aos leitores

Vocês sabem o quanto eu gosto de livros antigos, não é à toa que abracei a profissão de restaurador e encadernador depois de velho.

Cada livro nos reserva uma surpresa, um bilhete perdido, uma pétala ressequida, uma anotação à margem. Fosse eu contar a história de alguns deles e teria matéria para vários posts.

Mas é que acabo de receber um livro pelo correio, vindo lá do Rio Grande do Sul, tchê, e não segurei a risada ao ler a nota ao final da obra. Tal qual a eterna rixa entre cão e gato, gavião e pomba, Clodovil e a humanidade, entre escritor e revisor também há uma eterna má vontade, esquecidos que um não existiria sem o outro.

Existem histórias lendárias sobre atritos, erros célebres, coisas curiosas. Conheço revisores que na verdade são melhores que os autores, e acabam por reescrever a obra, do mesmo modo que há autores que nem precisariam que seus textos passassem por revisão. Enfim...

Aqui o autor usa de leve ironia (pelo menos foi essa minha interpretação), pois diz que houve esmero na revisão, mas que mesmo assim alguns gatos escapuliram.

De qualquer modo deixo a imagem da nota para que vocês se divirtam; no fundo achei graça no fato do autor admitir seus erros e pedir desculpas ao distinto público. Hoje em dia, infelizmente, temos que engolir os erros sem a menor dose de humildade.



Ah, foi retirado do livro Compendio de Psychologia, de Henrique Geenen, editado em 1925 pela Cia. Graphico-editora Monteiro Lobato, Praça da Sé, 34 - São Paulo.

Boa semana, e este texto NÃO foi revisado.

2 comentários:

Fábio Mayer disse...

Hoje em dia, os autores famosos, quando alguém comenta um erro crasso, dizem que "a lingua é viva e o idioma está sempre em transformação"...

Ouvi isso de um membro da ABL, famoso por suas magias.

Mas é algo que explica a quantidade imensa que tenho lido de "encimas" em todo lugar onde miro os olhos... a lingua é viva!

Anônimo disse...

Depois que você levar um lero com seu xaxá, acho que juntará material pra um volume inteiro, só com essas idiossincrasias lobatais. pergunta pra ele sobre os acentos que Lobato não gostava, ele vai te contar histórias....