domingo, agosto 20, 2006

BOA SEMANA (09/07/2006) - Domingo

E dona Bia Falcão termina seus dias tomando champagne de frente para o Bois de Bologne... Esse é o mundo real, quem disse que o vilão se ferra? Laulau, Maluf, Jorgina, Barbalho... algum foi "punido"? Algum foi castigado? Que nada! Estão com sua taça de champagne, cada qual em seu Bois particular (Bois de Bologne é um dos lugares mais famosos de Paris; pronuncia-se Boá de Bolonhe; Boa Semana também é cultura).
Bom, como não sou vilão de novela, eu não tomei champagne nem fui de jatinho para Europa. Fiquei aqui mesmo, nessa pacata Santana de Parnaíba. Acendi meu fogão de lenha, onde foi feito o almoço dominical. Pouco antes de sentar à mesa, fui ao galinheiro e peguei alguns ovos. Fritei-os. Coloquei num prato arroz branco e estourei aquela gema amarelinha por cima. Hum, que coisa mais pobre, dirão vocês, mas eu discordo: que delícia
Na chapa, uma chaleira sempre com água quente. Basta aumentar um pouco o fogo e já está fervendo para o café, que depois permanece sempre quentinho, ao pé do fogo. Depois, aproveitando o forno quente, minha mãe fez uma torta de frango (acabei de provar, está daqui - puxando a ponta da orelha).
Aí fui ler um pouco de Lobato, dos seus tempos de advogado recém-formado na Taubaté de 1905, ou como promotor em Areias, uma cidade morta. Ler o que ele escreveu naquele período é sentir-se numa tarde modorrenta, de calor, com ar parado e o silêncio eterno das decadentes cidades de então.
Depois, ver a vitória da Itália, já que nosso Portugal, mesmo lutando bravamente, não chegou lá. Sim, eles jogam muito mal, mas têm garra. E o Felipão nos vinga daquele purgante do Parreira. Como diria Emília, aquele cara-de-cavalo-melado!
Hoje comemoram-se setenta e quatro anos da Revolução Constitucionalista. Deve haver pouquíssimos veteranos pra desfilar no Ibirapuera. Sim, se o camarada tinha vinte anos na época, hoje tem 94... Certamente tem mais soldados dentro do Mausouléu do que fora...
Sabiam que a única mulher enterrada lá é dona Maria Magalhães Pinto Alves, a dona Nicota? Foi uma das "damas paulistas" que mais se engajaram na Revolução. De sua casa saiu a cozinheira que alistou-se como homem e só foi descoberta após um ferimento (exato, como a Diadorim, do Guimarães Rosa). Maria José, a valente mulata, ficou conhecida como Maria Soldado.
E entre as damas que chefiavam a ajuda aos soldados no front, além de dona Nicota (ou Cota) Pinto Alves, existia dona Candinha Prates, esposa do riquíssimo Conde Prates. E o povo fazia graça com a sigla símbolo da revolta paulista. No lugar de designar Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os jovens que morreram no dia 23 de maio, pilheriava dizendo que MMDC significava "Manda Muito Dona Cota", mas "Manda Mais Dona Candinha". O povo não perdoa nada, ainda bem! Essa é sua melancólica vingança. Ridendo castigat mores...
Vocês já devem ter percebido que hoje estou naquela modorra, pulando de assunto, falando coisas sem importância, né? Ora, mas hoje é domigo, pede cachimbo. Cachimbo é de barro, bate no jarro. Jarro é fino, bate no sino. O sino é de ouro, bate no touro. O touro é valente, bate na gente. A gente é fraco cai no buraco. O buraco é fundo, acabou-se o muuundoooo!!!!
Boa Semana!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ricardo, sensacional essa crônica.
Ri muito com o final, você é surpreendente.
Beijos da prima fã.