domingo, agosto 13, 2006

Boa semana - Dia dos Pais


Ora, se hoje é dia dos Pais, é sobre esse assunto que vocês esperam o Boa Semana, não é? Pois vou satisfazê-los, mas à minha moda. Vou falar sobre meu bisavô, que também foi pai, claro, além de ter sido responsável pelo primeiro ramo da família no Brasil.
Cypriano Pereira nasceu em 22 de julho de 1878, em Penafiel, norte Portugal. Sobre sua vida lá pouco sabemos. O certo é que ele aqui chegou em 1916, desembarcando na então Capital brasileira, o Rio de Janeiro. Trazia a mulher, Anna, grávida de oito meses e o filho Alfredo. Em novembro daquele ano nascia Acylina, a primeira brasileira da família.
Depois, já em São Paulo, nasceram Mário e José (mortos antes dos 4 anos), “Maria” da Conceição [1](minha avó materna), Rosa Maria (que morreu aos 2 anos), Olinda, Yolanda e Assunção, que morreu com alguns meses de vida. Em 1935 fica viúvo, e tem cinco filhos sob sua guarda. Naturalizou-se brasileiro para manter o emprego de jardineiro na Prefeitura, e conseguiu juntar os quatro contos de réis para comprar uma casa na Vila Paulicéia, em Santana.
A vida seguiu, vieram os netos, um bisneto, e ele chegou à avançada idade de 92 anos. O mais curioso é que ele não bebia água; quando alguém insistia, ele marotamente respondia: “Água? Ainda se fosse ardente...” Morreu como um passarinho, em 1970. As quatro filhas ainda estão vivas. Dele ficaram poucas fotos e um relógio de bolso que trago comigo, funcionando perfeitamente apesar dos mais de cem anos. E ficamos nós, a terceira geração, que já se desdobrou em quarta. Sei que logo ele se apagará nas memórias dos mais jovens, e será como tantos de nossos antepassados que se perderam nas brumas do tempo. Essa é a sina do homem, lutar, sofrer e permanecer na lembrança de duas ou três gerações, já que a vida assim se faz.
Uma Boa Semana em especial aos pais, e aos pais dos pais, e aos pais dos pais dos pais...


[1] Minha avó foi registrada como Conceição Pereira, mas como sua madrinha queria que ela se chamasse Maria, foi o nome que pegou e pelo qual ela é conhecida. Apesar de não ser oficial, em seu diploma do quarto ano está registrado "Maria da Conceição Pereira".

2 comentários:

Kandy disse...

A "sina do homem é lutar, sofrer e permanecer na lembrança de duas ou três gerações", mas se ele for especial, ele permanece para sempre.

Anônimo disse...

Ricardo, ser lembrado por duas gerações até que não é tão mal... Muito particularmente tenho a modesta ambição de ser lembrado com carinho pelo meu filho. Isso me bastará. Se vier a conhecer meus netos e eles gostarem de mim, nossa! sorte grande! No dia dos pais ganhei uma camiseta escrito "superpai"... então, quê mais posso querer? Lindo texto. Parabéns!